Se não gostar de Os Mercenários que veja filme de mulherzinhas

Sunday 22 August 2010

Os Mercenários

Alguém precisa falar. Alguém sem medo de manchar a reputação ou de ser acusado de trair a própria pátria. Então eu vou falar. “Os Mercenários”, o filme mais aguardado do ano, é bom demais. É um sonho adolescente que se torna realidade. É uma homenagem aos velhos tempos, um tapa na cara do politicamente correto e dos filmes de menininha que dominam Hollywood. É o “À Prova de Morte” dos filmes de porrada.

Desde que Sylvester Stallone assumiu seu status de ícone de uma geração, ele já fez bonito aposentando Rocky Balboa e nem tão bonito assim aposentando Rambo. Faltava um filme de “comando” e com ele veio a oportunidade de reunir velhos amigos que nunca contracenaram juntos. Um greatest hits da violência. Um dream team de action heroes.
Os Mercenários

Só isso já valeria o ingresso, mas o velho Sly caprichou na divulgação (essa campanha linda no YouTube, por exemplo) e na polêmica, com aquelas piadas sobre as filmagens no Brasil feitas durante a Comic-Con. Assim como os Simpsons há alguns anos, Sly feriu o orgulho nacional e nosso povo tão patriota, tão malandro e tão gozador não gostou nada disso. Tem até spam circulando na internet defendendo um boicote ao filme. Minha sugestão a essa gente é que fique mesmo longe do cinema, porque “Os Mercenários” exige um certo senso de humor que a maioria do povo brasileiro não tem. Fique com nossos filmes sobre a violência na favela ou traumas da ditadura. Ou, melhor, assista ao Horário Político que acabou de começar. Eu preferia ter macacos passeando pelas ruas do que o Tiririca candidato.

O Rio de Janeiro (sem macacos) atua como Vilena, uma pequena república latina comandada por um general ditador, que por sua vez recebe ordens de um poderoso, cruel e sanguinário vilão norte-americano interpretado por Eric Roberts (irmão da Julia, que ficou em segundo nas bilheterias dos EUA com seu mais recente filme de mulherzinha, “Comer, Rezar, Amar”, perdendo pra turma anabolizada de Sly).

Sylvester Stallone é Barney Ross, líder de uma equipe de mercenários contratada por um sujeito misterioso, que pode ou não ser da CIA, para exterminar o governo repressor e tudo mais que passar pelo caminho. Uma trama clássica, como tantos outros elementos clássicos dos filmes de ação de décadas passadas. Não vamos chamar de clichê, porque Hitchcock nos ensinou que o autoplágio tem outro nome: se chama ESTILO.

Os Mercenários

Mas todo mundo sabe que a escalação da equipe é o grande atrativo de “Os Mercenários”, o maior casting já reunido em um único filme: Jet Li é Ying Yang, o baixinho que serve de alívio cômico – talvez o único pecado do filme seja subestimar o astro das artes marciais, em um papel que cairia melhor em Jackie Chan; Dolph Lundgren é o insano Gunner Jensen, um gigante de personalidade alterada pelo uso de drogas; Randy Couture, campeão do UFC, é Toll Road; Terry Crews (o pai de “Everybody Hates Chris”) é Hale Caesar, responsável pelas armas pesadas; e Jason Statham é Lee Christmas, braço direito de Barney e grande destaque do filme. Coisa linda ver como Stallone passa o bastão para Statham, elegendo-o como seu legítimo sucessor.

Os Mercenários

E não para por aí. Mickey Rourke é Tool, o tatuador ex-membro do grupo que serve como conselheiro da galera. Entre os bandidos, brucutus coadjuvantes como “Stone Cold” Steve Austin e o kickboxer Gary Daniels. E para dar uma aliviada no meio de tanto homem, a beleza latina da nossa Giselle Itié, como a filha rebelde do general.

Tudo muito bonito, barulhento, sanguinolento, engraçado e explosivo (chupa Michael Bay), mas nada supera a breve e antológica cena que reúne Sylvester Stallone, Bruce Willis e Arnold Schwarzenegger. Willis como o empregador da CIA, e o governador da California como um concorrente de Sly que tem coisas mais importantes pra fazer. O encontro mais emblemático do cinema desde que DeNiro e Pacino dividiram uma mesa de diner em “Fogo Contra Fogo”. Eu e o pessoal da minha sessão só não choramos porque somos muito machos, mas os gritos de “puta que pariu” e “caralho mano” ecoaram pela sala.

Os Mercenários

E que bom que o filme começa com o grupo já unido, todos se conhecem e se respeitam, não precisamos ter aquela babaquice de apresentar um por um. E que bom que em nenhum momento eles têm que provar nada, limpar o nome, arquitetar um plano mirabolante, nada disso. Eles são “men on a mission” e a missão é bem simples: matar o bandido e salvar a mocinha. Eles apanham bastante, eles se ajudam, eles sofrem com a mulherada, eles trocam confidências e conselhos, eles tomam cerveja, eles ouvem hard rock, eles passeiam de moto e, por Deus, eles até choram.

Junte amigos, tome uma cerveja antes e outra depois pra comemorar. “Os Mercenários” é um evento, não é filme para ver sozinho em casa, com a namorada ou, inferno dos infernos, numa sessão fechada para críticos de cinema. Faltou alguma coisa? Sim. Faltaram Danny Trejo, Steven Seagal, Chuck Norris, Van Damme. Mas esperamos todos eles nas sequências que virão. Porque a gente sempre pode confiar no velho Sly. Ponto para os meninos.

[Source]

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